Saramugo
Frágil. Exclusivo. Essencial.
O saramugo (Anaecypris hispanica) pode ser pequeno – raramente ultrapassa os 7 centímetros – mas é uma joia discreta dos rios do sul da Península Ibérica. De corpo prateado com reflexos rosados, este peixe elegante habita sobretudo as bacias do Guadiana e do Guadalquivir.
Em Portugal, encontra-se criticamente ameaçado, o que o torna num símbolo silencioso da urgência em proteger os nossos rios.
Delicado e exigente, o saramugo precisa de cursos de água limpos, contínuos e bem conservados para se reproduzir e prosperar. No entanto, enfrenta múltiplas ameaças: a degradação dos habitats fluviais, a poluição, as secas extremas agravadas pelas alterações climáticas e a presença de espécies exóticas invasoras.
A sua sobrevivência depende da recuperação urgente dos ecossistemas aquáticos que o sustentam – porque até os peixes mais discretos podem ter um papel essencial na saúde dos nossos rios.
O saramugo é um peixe que prefere rios pequenos e estreitos e pouco profundos. Na bacia do Guadiana, habita principalmente nas zonas abaixo dos 350 metros de altitude, sobretudo em rios com vegetação aquática.
Ameaças que enfrentam
A sobrevivência do saramugo está em risco devido a várias atividades humanas, como a construção de barragens, a extração de inertes, a poluição e a captação excessiva de água, que afetam os rios onde o saramugo vive e se reproduz.
Algumas destas atividades estão a reduzir a quantidade de água nos rios, sobretudo no verão, destruindo habitats essenciais para o saramugo.
A falta de tratamento de esgotos em algumas regiões agrava ainda mais o problema, aumentando a poluição e reduzindo a qualidade da água. Também as práticas agrícolas intensivas e o pastoreio junto às margens degradam a vegetação ribeirinha, enfraquecendo a capacidade natural dos rios de se protegerem da poluição. Por fim, a introdução de espécies exóticas invasoras representa mais uma ameaça, competindo por alimento e espaço e dificultando ainda mais a recuperação das populações de saramugo.
Porque importa defender o saramugo
Proteger o saramugo é também cuidar dos rios e dos seus ecossistemas, dos quais dependem inúmeras outras espécies – e, no fim, a nossa própria qualidade de vida.
É por isso que na WWF restauramos habitats ribeirinhos e envolvemos a sociedade civil. No nosso plano de ação incluímos medidas para melhorar a qualidade da água, controlar espécies exóticas e reforçar a diversidade da espécie.