Devolver vida e saúde aos rios

Porquê restaurar rios?

Em todo o território nacional, os rios enfrentam pressões crescentes: barreiras artificiais que bloqueiam o seu fluxo, má gestão das bacias de água, poluição difusa, secas cada vez mais prolongadas e perda de biodiversidade. Estas alterações comprometem a capacidade natural dos rios de manter a qualidade da água e de sustentar a vida selvagem.

O restauro fluvial promove o equilíbrio dos ecossistemas e dos habitats, contribuindo para o regresso das espécies. É também uma resposta eficaz às alterações climáticas e pode ajudar a melhorar a disponibilidade de água em certos contextos.

Remover barreiras, reconectar ecossistemas

Através da identificação e remoção de barreiras fluviais obsoletas, como açudes que já não cumprem nenhuma função, devolvemos continuidade ao rio e vida aos seus corredores ecológicos. Espécies migratórias como o sável, a lampreia ou a enguia podem recuperar os seus percursos naturais, enquanto os sedimentos voltam a circular de forma mais livre.

A WWF trabalha na remoção de barreiras obsoletas em articulação com o movimento Dam Removal Europe e com o apoio do Open Rivers Programme. Trabalhamos lado a lado com comunidades, autarquias e entidades gestoras para que cada remoção seja benéfica para a natureza e para as pessoas.

Conhece os rios que já ajudamos a libertar

Ribeira de Odeleite (Alcoutim)

Em março de 2023, foi removido o açude de Galaxes, numa ação pioneira em parceria com a Câmara Municipal de Alcoutim.

A remoção devolveu a conectividade a 7,7 km da Ribeira de Odeleite, na bacia do Guadiana, criando condições para a recuperação de espécies piscícolas, como o saramugo, e outros animais que partilham o mesmo habitat. Foi a primeira remoção de uma barreira fluvial obsoleta levada a cabo em Portugal pela sociedade civil.

Ribeira de Perofilho (Santarém)

Em setembro de 2024, em colaboração com o Município de Santarém e a SOS Animal, foi removido o açude de Perofilho.

Esta ação permitiu restaurar o curso natural da ribeira e melhorar os habitats de espécies nativas ameaçadas, como a boga-portuguesa, a enguia europeia, a rã-de-focinho-pontiagudo e até a lontra.

Ribeira de Oeiras (Mértola)

Está em curso o projeto de remoção de uma barreira fluvial obsoleta na Ribeira de Oeiras, que vai permitir restaurar 2,34 km de conectividade fluvial desta ribeira, recuperando o ecossistema e melhorando o habitat para peixes nativos e espécies de mexilhões ameaçadas.

Gestão conjunta dos rios ibéricos

E quando dois países partilham a mesma água? Grande parte da água doce que consumimos em Portugal nasce em Espanha. A gestão das bacias hidrográficas ibéricas exige cooperação transfronteiriça, transparência e compromissos partilhados.

Projetos como o RIR – Reconnecting Iberian Rivers e a Rede Douro Vivo demonstram como é possível restaurar a saúde ecológica dos rios e envolver comunidades, cientistas e decisores em soluções conjuntas.

Através de mapas, diagnósticos e recomendações políticas, propomos medidas concretas para um futuro com rios mais vivos, de ambos os lados da fronteira. Sabe mais sobre o trabalho desenvolvido nestes projetos, nomeadamente sobre os rios Douro, Tejo e Guadiana.

Rios saudáveis são sinónimo de um planeta mais resiliente – e de um futuro com mais água para todos.