Um oceano saudável vale mais que qualquer lucro

O mar profundo é um dos ambientes mais misteriosos e menos conhecidos do planeta, mas também um dos mais vulneráveis. A crescente procura por minerais raros está a impulsionar uma nova indústria que tem a intenção de destruir e afetar milhões de km² de ecossistemas muito frágeis e com pouca capacidade de recuperação. 

A mineração em mar profundo destina-se a extrair minerais como cobalto, níquel e lítio do fundo do mar, com máquinas gigantescas e poderosíssimas a operar em condições muito adversas e arriscadas (elevada profundidade e sujeitas a grande pressão), destruindo localmente ecossistemas e perturbando outros a milhares de quilómetros em redor.

“A mineração em mar profundo terá impactos diretos facilmente previsíveis, bem como possíveis impactos indiretos muito mais difíceis de prever.

Mundialmente, devido à ligação entre a natureza e o oceano, a pegada da mineração em mar profundo pode estender-se muito para além da operação mineira propriamente dita.”

Dra. Diva Amon, Bióloga do mar profundo

Os governos têm uma janela de oportunidade cada vez menor para exigir uma moratória à mineração em mar profundo e confiar na ciência.

Se a extração em grande escala avançar, poderá prejudicar uma economia marinha muito mais vasta. As comunidades costeiras mais vulneráveis sairão assim prejudicadas, expondo as fontes alimentares costeiras a novos riscos.

O que está em causa

  • Os ecossistemas do mar profundo são extremamente sensíveis e recuperam muito lentamente.
  • A mineração pode destruir habitats únicos antes mesmo de serem estudados.
  • Falta regulamentação eficaz para proteger estas zonas, tanto em águas nacionais como internacionais.
  • O conhecimento científico ainda é insuficiente para avaliar todos os impactos.

O que faz a WWF

Na WWF Portugal, trabalhamos para garantir que a proteção do mar profundo seja uma prioridade nacional e internacional. Em colaboração com organizações como a Sciaena e a SOA, liderámos um movimento que uniu ciência, sociedade civil e decisores políticos em torno de um objetivo comum: travar a mineração em mar profundo.

Graças a este esforço coletivo, em 2025, Portugal tornou-se o primeiro país do mundo a adotar uma moratória legalmente vinculativa à mineração em mar profundo até 2050. 

Esta conquista histórica foi possível através de:

  • Ações de sensibilização e mobilização pública
  • Envolvimento direto com a Assembleia da República e os Governos Regionais
  • Apoio técnico e científico à elaboração de propostas legislativas
  • Defesa de uma abordagem precaucionária nas instâncias internacionais

Este foi um passo decisivo para proteger os ecossistemas mais profundos e desconhecidos do nosso oceano – e um exemplo de liderança ambiental que pode inspirar o mundo.

Em Portugal, mostrámos que é possível. Mas este é apenas o começo.

Para garantir a proteção global do mar profundo, é essencial que outros países sigam o mesmo caminho. O futuro desta causa decide-se agora, nas decisões tomadas por todos os Governos e nas negociações em curso na Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA). Esse continuará a ser o nosso desígnio.

Proteger o mar profundo é proteger o futuro da vida no planeta.