Soluções baseadas na natureza para a crise climática

O oceano é um poderoso aliado na luta contra as alterações climáticas, mas os ecossistemas marinhos com maior capacidade de armazenar carbono continuam subvalorizados. Estes ecossistemas são fundamentais para retirarem grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera e armazená-lo de forma eficiente durante centenas, até milhares de anos, contribuindo para a redução das emissões globais. 

Zonas como os sapais – zonas húmidas costeiras – e pradarias marinhas – extensões submersas de plantas que estabilizam os fundos e alimentam a vida marinha – funcionam como verdadeiros reservatórios de carbono azul, hotspots de biodiversidade e são fundamentais para assegurar a qualidade da água que chega ao Oceano.

O termo “carbono azul” designa o carbono capturado e armazenado pelo oceano, tanto sob a forma de dióxido de carbono dissolvido na água, como na biomassa e nos sedimentos marinhos. Quando restauramos ecossistemas costeiros contribuímos para aumentar o armazenamento do Carbono Azul. 

Apesar de ocuparem áreas muito menores que as florestas terrestres, os ecossistemas de carbono azul sequestram carbono pelo menos oito vezes mais rápido, armazenando-o durante séculos ou mesmo milénios – um papel fundamental na mitigação das alterações climáticas e no aumento da biodiversidade das zonas costeiras.

O que está em causa

  • Os ecossistemas costeiros, nomeadamente os de carbono azul estão a desaparecer rapidamente e precisam de ser restaurados
  • A sua degradação liberta o carbono armazenado, agravando o aquecimento global e a perda de biodiversidade
  • Ainda não são devidamente valorizados nas políticas climáticas e económicas

O que faz a WWF

Na WWF Portugal, trabalhamos para que o restauro ecológico de ecossistemas de carbono azul seja reconhecido como uma solução para a crise da biodiversidade e degradação de habitats e crise climática. 

Fazemo-lo com base no conhecimento científico existente e com uma visão integrada do restauro e da conservação da Natureza. No âmbito do projeto Gulbenkian Carbono Azul, publicámos o Roteiro para um Mercado Voluntário de Carbono Azul em Portugal, que identifica os passos necessários para viabilizar projetos de restauro e conservação de sapais, pradarias marinhas e salinas.

Este roteiro pioneiro foi acompanhado por dois relatórios científicos que avaliam o estado dos principais ecossistemas de carbono azul em Portugal continental. 

Mas não ficamos por aqui. No Estuário do Tejo, uma das áreas com maior potencial de restauro ecológico de ecossistemas de Carbono Azul em Portugal, estamos a avaliar intervenções de restauro concretas nas Salinas do Samouco – um local com elevada biodiversidade e capacidade de sequestro de carbono.

Unimos conhecimento, ação no terreno e mobilização da sociedade para que cuidar da natureza costeira seja uma prioridade nacional no combate à crise climática.

Proteger o oceano é devolver vida.